SBMN e Eletronuclear firmam acordo para produção de radioisótopos no Brasil
No dia 28 de novembro, o Brasil avançou rumo à produção de radioisótopos medicinais. A presidente eleita da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) e diretora do Grupo MND, Dra. Elba Etchebehere, assinou na sede da ENBPar, em Brasília, um Memorando de Entendimento com a Eletronuclear, representada pelo presidente Raul Lycurgo.
O acordo avalia a viabilidade de gerar isótopos no reator nuclear de Angra 2 para fortalecer a independência do país no setor. Fundada em 1997, a Eletronuclear é responsável pela construção e pela operação de usinas termonucleares no Rio de Janeiro, incluindo as unidades Angra 1 e Angra 2.
“Procuramos a Eletronuclear para que Angra 2 abraçasse a causa da saúde, já que os Ministérios de Minas e Energia e da Ciência, Tecnologia e Inovação regulam a medicina nuclear no Brasil. Embora a medicina nuclear represente uma parcela mínima do uso de energia nuclear, seu impacto na saúde pública é extremamente significativo”, afirmou a presidente eleita da SBMN.
A iniciativa busca atender à crescente demanda por isótopos radioativos, como o lutécio-177, utilizado em tratamentos de oncologia. Atualmente, os brasileiros dependem da importação desse radioisótopo, sobretudo da Rússia, o que expõe o sistema de saúde a riscos de escassez e aumentos de custo.
“O Brasil tem condições plenas de produzir esses isótopos e deve fazê-lo para garantir autossuficiência e segurança no abastecimento, reduzindo a dependência de mercados internacionais”, destacou a Dra. Elba Etchebehere.
O Memorando de Entendimento prevê uma série de estudos técnicos e de viabilidade para avaliar a adaptação do reator de Angra 2 para a produção de radioisótopos. Entre as áreas de atuação propostas estão a análise da capacidade produtiva das instalações nucleares brasileiras, a identificação de tecnologias adequadas e a criação de estratégias sustentáveis para a produção de isótopos.
A colaboração também abrange projetos de pesquisa e desenvolvimento científico com pesquisadores, estudantes e instituições de ensino superior. A Eletronuclear se compromete a disponibilizar suas instalações para ações conjuntas, além de fomentar a inovação e a capacitação de profissionais na área de medicina nuclear.
De acordo com a Eletronuclear, a proposta está alinhada ao Programa de Inovação da empresa, que visa expandir o uso da tecnologia nuclear para ultrapassar a geração de energia e priorizar os benefícios sociais.
O Memorando de Entendimento, que prevê a elaboração de um plano estratégico detalhado para viabilizar as propostas, é um primeiro passo para transformar o território brasileiro em um polo produtor de isótopos medicinais enquanto promove avanços na saúde pública e na soberania tecnológica nacional.
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